22 de setembro de 2022

FLORIANÓPOLIS MEMÓRIA URBANA

 

FLORIANÓPOLIS MEMÓRIA URBANA

 

Florianópolis: Memória Urbana/Eliane Veras da Veiga – 3. Ed. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, 2010. 464p.: Il

No dia 17 de setembro de 2022, terminei a leitura do meu 13º livro do ano, de Eliane Veras da Veiga que já está referenciado acima, e tem como foco suas pesquisas a partir de documentos históricos que por sinal foram bem preservados no Estado de Santa Catarina e também sua formação em Arquitetura, referentes a transformação da cidade de Florianópolis em sua área central.

Um livro de grande importância que já está na sua terceira edição atualizada, que nos apresenta a cidade desde os primórdios de sua formação no século XVII até os dias atuais. Com a utilização de mapas antigos sobrepostos com mapas mais modernos podemos observar como o arruamento da cidade e seus principais edifícios foram se modificando, preservando ou sendo destruídos ao longo dos séculos.

Por ser uma ilha com limitações de espaço devido as baias norte e sul e também seus morros próximos o centro da cidade foi se moldando contornando essas características, e quando isso não mais foi possível foram realizados grandes aterros, esses já iniciados no século XIX como por exemplo o aterro da atual Avenida Hercílio Luz em direção ao morro da Menino Deus onde se encontra o Hospital de Caridade e sua centenária capela.

Como podemos verificar os aterros foram um dos fatores que intensificaram e deram a cidade vários eixos de ligação entre as baías permitindo uma série de ligações que até então não seriam possíveis. Em muitos casos os aterros também serviram como local de recebimento de terras onde eram nivelados determinados morros existentes no centro da cidade, como no caso do alto da atual Rua Felipe Schmidt.

Como ao longo dos anos várias ruas importantes da cidade tiveram seus nomes primitivos trocados e até mais de uma vez, não vou neste breve resumo fazer citação aos antigos nomes, tendo em vista que isto está muito bem explicado e apresentado no livro. E realmente o processo de arruamento da cidade foi uma atividade bem complexa pois no centro da cidade existiam diversas propriedades conhecidas como chácaras que pertenciam aos poderosos da cidade e nem sempre era possível fazer isso de forma amigável mesmo que esses fossem religiosos também.

A antiga Desterro atual Florianópolis de formação portuguesa com suas diversas ordem religiosas, foi ao longo dos tempos construindo suas igrejas e seus prédios públicos, principalmente os voltados a área militar que ficavam no centro da cidade, também procuraram manter o estilo português durante longo tempos. Conforme a cidade se desenvolveu mudanças arquitetônicas também passaram a ser feitas visando o conforto e demonstrando o padrão social de seus usuários.

O eixo fundador da cidade tem como seu Marco Zero a atual Praça XV de Novembro, que vinha até o mar e teve também uma parte aterrada e por ser próxima aos centros comerciais e administrativos, um enorme adensamento populacional se formou no seu entorno e foi crescendo em direção aos antigos bairros que eram muito bem definidos de acordo com a posição social dos que nestes habitavam.

Hoje no século XXI uma grande área do centro da cidade é denominada como centro, mas até boa parte do XX existiam várias denominações para esses lugares como Estreito para a área mais próxima da Ponte que inclusive tinha o cemitério no seu interior, o bairro da Figueira ou Rita Maria nas áreas onde temos a atual rodoviária, a Praia de Fora para a atual Beiramar norte, o Santa Bárbara para a atual sede da Capitania dos Portos, o Mato Grosso para o entorno da atual Praça Getúlio Vargas e vários outros .

Sendo Desterro (atual Florianópolis) um porto de boa qualidade muitos dos prédios foram edificados com a finalidade comercial e de armazenamento como por exemplo o Mercado Municipal, a Alfândega, alguns estaleiros que já não existem mais alguns trapiches e inclusive o Restaurante e Bar Miramar que foi destruído junto como aterro hidráulico realizado na década de 1970 para a construção da Ponte Colombo Salles.

Fica muito bem claro no livro como o processo de alargamento e interligação das ruas e avenidas foram realizadas visando um transporte sobre rodas que começou com bondes puxados a burro e depois com os automóveis. Para que essas ruas e avenidas fossem abertas ou alargadas inúmeros córregos e fontes de água foram drenados ou canalizados. E nesse processo também já começa o serviço mesmo que de forma precária por crônicas deficiências de recursos que a província e a câmara municipal dispunham.

Outro fator que me chamou atenção é que tínhamos uma burocracia relativamente preocupada com o orçamento e uso do dinheiro público, tendo em vista que uma quantidade grande de obras que ainda temos hoje tiveram seus pregões e orçamentos aprovados previamente para a sua realização para evitar desperdício de recursos.

O livro em questão além de nos contemplar com fatos históricos, administrativos, sociais e urbanísticos ainda nos contempla com uma quantidade enorme de fotos de vias e prédios públicos e residenciais e também muitos mapas.

Como normalmente falo nos meus pequenos resumos que procuro apresentar após a leitura de cada livro, este não é um espaço para textos muito longos então sugiro à todos os que se interessam pelo assunto que é como Desterro chegou a Florianópolis com todas as suas mudanças, evoluções e transformações, sugiro e recomento a leitura desse importante livro sobre a nossa cidade

 Grande abraços à todos.

Paulo Coelho – Administrador/Bacharel e Licenciado em História.

 Florianópolis – SC     22/09/2022.