FLORIANÓPOLIS MEMÓRIA URBANA
Florianópolis: Memória
Urbana/Eliane Veras da Veiga – 3. Ed. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes,
2010. 464p.: Il
No dia 17 de setembro de 2022,
terminei a leitura do meu 13º livro do ano, de Eliane Veras da Veiga que já
está referenciado acima, e tem como foco suas pesquisas a partir de documentos
históricos que por sinal foram bem preservados no Estado de Santa Catarina e
também sua formação em Arquitetura, referentes a transformação da cidade de
Florianópolis em sua área central.
Um livro de grande importância
que já está na sua terceira edição atualizada, que nos apresenta a cidade desde
os primórdios de sua formação no século XVII até os dias atuais. Com a
utilização de mapas antigos sobrepostos com mapas mais modernos podemos
observar como o arruamento da cidade e seus principais edifícios foram se
modificando, preservando ou sendo destruídos ao longo dos séculos.
Por ser uma ilha com limitações
de espaço devido as baias norte e sul e também seus morros próximos o centro da
cidade foi se moldando contornando essas características, e quando isso não
mais foi possível foram realizados grandes aterros, esses já iniciados no
século XIX como por exemplo o aterro da atual Avenida Hercílio Luz em direção
ao morro da Menino Deus onde se encontra o Hospital de Caridade e sua
centenária capela.
Como podemos verificar os aterros
foram um dos fatores que intensificaram e deram a cidade vários eixos de
ligação entre as baías permitindo uma série de ligações que até então não seriam
possíveis. Em muitos casos os aterros também serviram como local de recebimento
de terras onde eram nivelados determinados morros existentes no centro da
cidade, como no caso do alto da atual Rua Felipe Schmidt.
Como ao longo dos anos várias
ruas importantes da cidade tiveram seus nomes primitivos trocados e até mais de
uma vez, não vou neste breve resumo fazer citação aos antigos nomes, tendo em
vista que isto está muito bem explicado e apresentado no livro. E realmente o
processo de arruamento da cidade foi uma atividade bem complexa pois no centro
da cidade existiam diversas propriedades conhecidas como chácaras que
pertenciam aos poderosos da cidade e nem sempre era possível fazer isso de
forma amigável mesmo que esses fossem religiosos também.
A antiga Desterro atual
Florianópolis de formação portuguesa com suas diversas ordem religiosas, foi ao
longo dos tempos construindo suas igrejas e seus prédios públicos,
principalmente os voltados a área militar que ficavam no centro da cidade,
também procuraram manter o estilo português durante longo tempos. Conforme a
cidade se desenvolveu mudanças arquitetônicas também passaram a ser feitas
visando o conforto e demonstrando o padrão social de seus usuários.
O eixo fundador da cidade tem
como seu Marco Zero a atual Praça XV de Novembro, que vinha até o mar e teve
também uma parte aterrada e por ser próxima aos centros comerciais e
administrativos, um enorme adensamento populacional se formou no seu entorno e
foi crescendo em direção aos antigos bairros que eram muito bem definidos de
acordo com a posição social dos que nestes habitavam.
Hoje no século XXI uma grande
área do centro da cidade é denominada como centro, mas até boa parte do XX
existiam várias denominações para esses lugares como Estreito para a área mais
próxima da Ponte que inclusive tinha o cemitério no seu interior, o bairro da
Figueira ou Rita Maria nas áreas onde temos a atual rodoviária, a Praia de Fora
para a atual Beiramar norte, o Santa Bárbara para a atual sede da Capitania dos
Portos, o Mato Grosso para o entorno da atual Praça Getúlio Vargas e vários
outros .
Sendo Desterro (atual Florianópolis)
um porto de boa qualidade muitos dos prédios foram edificados com a finalidade
comercial e de armazenamento como por exemplo o Mercado Municipal, a Alfândega,
alguns estaleiros que já não existem mais alguns trapiches e inclusive o
Restaurante e Bar Miramar que foi destruído junto como aterro hidráulico
realizado na década de 1970 para a construção da Ponte Colombo Salles.
Fica muito bem claro no livro
como o processo de alargamento e interligação das ruas e avenidas foram
realizadas visando um transporte sobre rodas que começou com bondes puxados a
burro e depois com os automóveis. Para que essas ruas e avenidas fossem abertas
ou alargadas inúmeros córregos e fontes de água foram drenados ou canalizados.
E nesse processo também já começa o serviço mesmo que de forma precária por
crônicas deficiências de recursos que a província e a câmara municipal
dispunham.
Outro fator que me chamou atenção
é que tínhamos uma burocracia relativamente preocupada com o orçamento e uso do
dinheiro público, tendo em vista que uma quantidade grande de obras que ainda
temos hoje tiveram seus pregões e orçamentos aprovados previamente para a sua
realização para evitar desperdício de recursos.
O livro em questão além de nos
contemplar com fatos históricos, administrativos, sociais e urbanísticos ainda
nos contempla com uma quantidade enorme de fotos de vias e prédios públicos e
residenciais e também muitos mapas.
Como normalmente falo nos meus
pequenos resumos que procuro apresentar após a leitura de cada livro, este não
é um espaço para textos muito longos então sugiro à todos os que se interessam
pelo assunto que é como Desterro chegou a Florianópolis com todas as suas mudanças,
evoluções e transformações, sugiro e recomento a leitura desse importante livro
sobre a nossa cidade
Grande abraços à todos.
Paulo Coelho –
Administrador/Bacharel e Licenciado em História.
Florianópolis – SC 22/09/2022.