O comércio desde muito cedo me fascina, e o comércio de Bairro com sua simplicidade e porque não dizer ousadia busca sobreviver no meio ou entorno de grandes redes mercadistas que investem milhões em publicidade para manter suas metas de vendas e com isso aumentar os lucros dos seus acionistas.
Desde muito cedo eu trabalhei e conviví dentro de uma Venda estabelecimento este que faz parte de todas as comunidades do nosso país, e inclusive é citado em diversas obras literárias a figura de seu proprietário ou seja o "vendeiro", Érico Veríssimo em seu romance O Tempo e o Vento, dá ao seu personagem principal o Capitão Rodrigo Cambará em um determinado momento do romance a função de vendeiro ao abrir uma venda em parceria com outra pessoa. Aluízio de Azevedo começa o seu livro O Cortiço falando de João Romão um assistente de vendeiro que acaba ficando com todos os bens de seu patrão por pagamento de dívidas desse com ele, e em muitos outros casos vemos a figura do vendeiros na nossa literatura.
Nas vendas podemos observar uma forma de convívio que vem se perdendo em várias comunidades pois os apelos dos modernos mercados, os shoppings centers e demais centros de compras tem contribuído para a extinção dessa atividade comercial.
Nas vendas se vendia de tudo o que qualquer comunidade pudesse a vir a precisar, desde alimentos até ferramentas das mais variadas especialidades, e também tinha e ainda encontramos a condição de vender a crédito ou fiado como popularmente é conhecido esse tipo de venda onde a relação é baseada na confiança entre vizinhos de bairro.
Não muito tempo atras o vendeiro era uma das pessoas mais importantes e solicitadas no bairro, porque era ele quem sabia dos problemas de cada pessoa em função do seu relacionamento interpessoal pois ao vender a crédito em confiança sem documentação ou outras garantias este acabava sendo um grande interlocutor também junto a comunidade.
Um dos principais vendeiros em que eu sempre vou me espelhar foi o meu PAI que com muito sacrifício veio do interior do estado e comprou uma venda em 1968 no bairro Prainha bem no meio do morro e naquela época não havia estradas, o que fazia com que todos os produtos fossem carregados de morro acima nas costas e isso foi assim até 1985 quando ele com muito pouco recurso público e pagando do seu próprio bolso e trabalho construiu uma via de acesso até a nossa venda.
Ser vendeiro na década de 1960 e 1970 ainda era conviver sem supermercados na cidade os que tinham estavam começando mas atendiam a um público mais específico deixando os "ranchos" ou seja compras para o mês todo serem feitos na venda mesmo.
Então para dar início a uma série de publicações que pretendo fazer nesse espaço vou postar uma foto do Seu Antonio Coelho que para mim é o vendeiro dos vendeiros e nas próximas publicações vou trazer, fotos e fatos de diversos estabelecimentos comerciais e sobre o comércio em geral desde ambulantes a feirantes, sempre procurando valorizar os comércios locais e sua função social e lugar de sociabilidade.
Antonio Coelho - 1940-2014
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