22 de outubro de 2022

FRANKLIN CASCAES - OUTROS OLHARES

 

FRANKLIN CASCAES outros olhares

 

Franklin Cascaes: outros olhares / Org. Hermes José Graipel Junior. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, 2011. 192 p.il.

Em 22 de outubro de 2022, terminei a leitura do meu 15º livro do ano, organizado por Hermes José Graipel Júnior na verdade é um livro escrito a sete mãos, pois traz textos de sete autores diferentes sobre a obra de Franklin Cascaes.

A partir de estudos da enorme e profunda obra deixada por Franklin Cascaes os autores a seguir: Aline Carmes Krüger, Carmen Lucia Fossari, Cristina Castellano, Hermes José Graipel Júnior, Jone Cezar Araújo, Luciane Zanenga Scherer e Vanilde Rohling Guizoni nos apresentam um relato cuidadosamente aprofundado sobre suas visões e conhecimentos referentes a produção artística e historiográfica de Franklin Cascaes. Todos os autores são de atividades diversas, porém correlatas com a cultura e a preservação cultural em sí, como museólogos, historiadores, artistas plásticos, atriz/dramaturga e roteirista.

Com base nos materiais temáticos da obra do autor já citado os autores nos apresentam suas visões e preocupações quanto a destruição de muitos saberes e fazeres, bem como do patrimônio natural e arquitetônico de Florianópolis principalmente devido ao avanço sem controle da especulação imobiliária que tem trazido um grande número de novos moradores e empreendimentos para a cidade provocando uma profunda descaracterização da mesma.

Temas e fotografias sobre as procissões do Senhor Morto e Senhor dos Passos, Bruxas, Presépios, trabalhadores das mais diversas atividades e lidas diárias como rendeiras, danças e folguedos, são ricamente ilustrados junto ou após os textos.

Franklin Cascaes, foi um incansável lutador para a preservação da nossa cultura açoriana e também do estilo de vida e arquitetônico de Florianópolis e inclusive pode observar pessoalmente esse estilo aqui com os dos nossos irmãos nas Ilhas dos Açores em Portugal. Comidas, danças, indústrias (engenhos) e atividades ligadas a agricultura e suas manufaturas como plantar mandioca e fazer farinha e outros derivados, plantar algodão e usar tear para confeccionar roupas, a pesca artesanal e seu processamento.

Um grande sonho de Franklin Cascaes, sempre foi como preservar adequadamente para as futuras gerações a sua produção que é formada de elementos dos mais diversos tais como cerâmica, madeira, gesso, textos, pinturas sobre papel em formatos e materiais dos mais distintos, cadernos de anotações, gravações realizadas com a população simples das localidades mais interioranas de Florianópolis ao longo de décadas de produção.

Após muitas incertezas Cascaes ainda pode realizar em vida este sonho e todo o seu enorme acervo se encontra sobre a guarda do Museu Oswaldo Rodrigues Cabral ou Museu Universitário da UFSC conforme é conhecido. Após a cessão do acervo para o museu veio uma nova preocupação que foi a catalogação, restauração e armazenamento de forma adequada das peças tendo em vista a fragilidade de muitas devido ao estado de conservação e deterioração que se apresentavam.

Acredito que todo mestre bom e que se preze possa e deva deixar um discípulo para dar sequência a sua obra e nesse caso o sucessor foi o competentíssimo Gelcy José Coelho ou o Peninha como todos os conhecemos. O Peninha foi tão envolvido com a obra de Franklin Cascaes que nem precisou ele fazer um texto para esse livro pois foi citado por todos que o escreveram e principalmente sobre uma entrevista que ele fez com Franklin Cascaes se não me engano em sua Dissertação de Mestrado.

Eu tive o prazer de fotografar no final dos anos 80 no Teatro do CIC (Centro Integrado de Cultura) uma peça chamada CASCAES de uma das autoras desse livro Carmen Lucia Fossari e tinha deixado uns quadros lá no museu e quando do aniversário do centenário de Cascaes o Peninha me localizou e eu fiz uma doação para o Museu Universitário dos negativos referentes as fotos dessa peça.

Sempre que encontro alguma referência ou livro sobre Franklin Cascaes e sua obra procuro me inteirar sobre o assunto, eu sou fascinado pela obra desse grande gênio das artes e das tradições açorianas que nós tivemos o prazer de ter como morador dos mais ilustres de Florianópolis.

Muito mais poderia aqui comentar sobre esse livro, e seus temas abordados, mas como procuro deixar claro nesse espaço é somente um breve comentário em forma de resumo sobre o mesmo

Recomendo a leitura não somente desse livro como os demais por e sobre ele escritos.

 Grande abraços à todos.

Paulo Coelho – Administrador/Bacharel e Licenciado em História.

 Florianópolis – SC     22/10/2022.




22 de setembro de 2022

FLORIANÓPOLIS MEMÓRIA URBANA

 

FLORIANÓPOLIS MEMÓRIA URBANA

 

Florianópolis: Memória Urbana/Eliane Veras da Veiga – 3. Ed. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, 2010. 464p.: Il

No dia 17 de setembro de 2022, terminei a leitura do meu 13º livro do ano, de Eliane Veras da Veiga que já está referenciado acima, e tem como foco suas pesquisas a partir de documentos históricos que por sinal foram bem preservados no Estado de Santa Catarina e também sua formação em Arquitetura, referentes a transformação da cidade de Florianópolis em sua área central.

Um livro de grande importância que já está na sua terceira edição atualizada, que nos apresenta a cidade desde os primórdios de sua formação no século XVII até os dias atuais. Com a utilização de mapas antigos sobrepostos com mapas mais modernos podemos observar como o arruamento da cidade e seus principais edifícios foram se modificando, preservando ou sendo destruídos ao longo dos séculos.

Por ser uma ilha com limitações de espaço devido as baias norte e sul e também seus morros próximos o centro da cidade foi se moldando contornando essas características, e quando isso não mais foi possível foram realizados grandes aterros, esses já iniciados no século XIX como por exemplo o aterro da atual Avenida Hercílio Luz em direção ao morro da Menino Deus onde se encontra o Hospital de Caridade e sua centenária capela.

Como podemos verificar os aterros foram um dos fatores que intensificaram e deram a cidade vários eixos de ligação entre as baías permitindo uma série de ligações que até então não seriam possíveis. Em muitos casos os aterros também serviram como local de recebimento de terras onde eram nivelados determinados morros existentes no centro da cidade, como no caso do alto da atual Rua Felipe Schmidt.

Como ao longo dos anos várias ruas importantes da cidade tiveram seus nomes primitivos trocados e até mais de uma vez, não vou neste breve resumo fazer citação aos antigos nomes, tendo em vista que isto está muito bem explicado e apresentado no livro. E realmente o processo de arruamento da cidade foi uma atividade bem complexa pois no centro da cidade existiam diversas propriedades conhecidas como chácaras que pertenciam aos poderosos da cidade e nem sempre era possível fazer isso de forma amigável mesmo que esses fossem religiosos também.

A antiga Desterro atual Florianópolis de formação portuguesa com suas diversas ordem religiosas, foi ao longo dos tempos construindo suas igrejas e seus prédios públicos, principalmente os voltados a área militar que ficavam no centro da cidade, também procuraram manter o estilo português durante longo tempos. Conforme a cidade se desenvolveu mudanças arquitetônicas também passaram a ser feitas visando o conforto e demonstrando o padrão social de seus usuários.

O eixo fundador da cidade tem como seu Marco Zero a atual Praça XV de Novembro, que vinha até o mar e teve também uma parte aterrada e por ser próxima aos centros comerciais e administrativos, um enorme adensamento populacional se formou no seu entorno e foi crescendo em direção aos antigos bairros que eram muito bem definidos de acordo com a posição social dos que nestes habitavam.

Hoje no século XXI uma grande área do centro da cidade é denominada como centro, mas até boa parte do XX existiam várias denominações para esses lugares como Estreito para a área mais próxima da Ponte que inclusive tinha o cemitério no seu interior, o bairro da Figueira ou Rita Maria nas áreas onde temos a atual rodoviária, a Praia de Fora para a atual Beiramar norte, o Santa Bárbara para a atual sede da Capitania dos Portos, o Mato Grosso para o entorno da atual Praça Getúlio Vargas e vários outros .

Sendo Desterro (atual Florianópolis) um porto de boa qualidade muitos dos prédios foram edificados com a finalidade comercial e de armazenamento como por exemplo o Mercado Municipal, a Alfândega, alguns estaleiros que já não existem mais alguns trapiches e inclusive o Restaurante e Bar Miramar que foi destruído junto como aterro hidráulico realizado na década de 1970 para a construção da Ponte Colombo Salles.

Fica muito bem claro no livro como o processo de alargamento e interligação das ruas e avenidas foram realizadas visando um transporte sobre rodas que começou com bondes puxados a burro e depois com os automóveis. Para que essas ruas e avenidas fossem abertas ou alargadas inúmeros córregos e fontes de água foram drenados ou canalizados. E nesse processo também já começa o serviço mesmo que de forma precária por crônicas deficiências de recursos que a província e a câmara municipal dispunham.

Outro fator que me chamou atenção é que tínhamos uma burocracia relativamente preocupada com o orçamento e uso do dinheiro público, tendo em vista que uma quantidade grande de obras que ainda temos hoje tiveram seus pregões e orçamentos aprovados previamente para a sua realização para evitar desperdício de recursos.

O livro em questão além de nos contemplar com fatos históricos, administrativos, sociais e urbanísticos ainda nos contempla com uma quantidade enorme de fotos de vias e prédios públicos e residenciais e também muitos mapas.

Como normalmente falo nos meus pequenos resumos que procuro apresentar após a leitura de cada livro, este não é um espaço para textos muito longos então sugiro à todos os que se interessam pelo assunto que é como Desterro chegou a Florianópolis com todas as suas mudanças, evoluções e transformações, sugiro e recomento a leitura desse importante livro sobre a nossa cidade

 Grande abraços à todos.

Paulo Coelho – Administrador/Bacharel e Licenciado em História.

 Florianópolis – SC     22/09/2022.



22 de agosto de 2022

FEIRAS LIVRES, COMÉRCIO POPULAR DE PAI PARA FILHO

 FEIRAS LIVRES

Falar de feira livre, para mim é como falar de um projeto de família que deu certo, desde muito tempo eu sou fascinado por esse tipo de comércio, que foge a lógica dos grandes supermercados, shopping centers e até do comércio eletrônico.

Por milênios compramos em feiras livres até porque no início do comércio era a melhor forma de apresentar seus produtos para venda ou na ausência do dinheiro para trocas por meio de escambo mesmo.

Na feira livre podemos comprar fracionado o que quisermos, ver os produtos a granel ou em peças, sentir seus cheiros e admirar suas cores livres das "maquiagens" digitais realizadas em folders ou encartes de grandes redes de supermercados ou grandes varejistas.

Acredito que com o apoio adequado, e cumprindo normas sanitárias determinadas pelos órgãos públicos, ainda teremos esse modelo de negócio por muito tempo. Inúmeras pessoas não somente por saudosismo, ainda preferem comprar suas frutas, seus temperos, produtos coloniais ou industrializados em pequena escala nas feiras livres.

Deixo aqui os melhores votos de vida longa para os que ainda persistem nesse modelo de negócio.

Paulo Coelho - Florianópolis - SC  Fotos Paulo Coelho - Feira do Largo da Alfândega 20/08/2022.







13 de agosto de 2022

UMA RESISTENTE REVISTARIA EM FLORIANÓPOLIS

 Sabe aquele local que te traz tanta lembrança boa que até parece a casa da vó?

Ele existe e nesse caso vem em nome de uma Banca de Revista uma das poucas sobreviventes ao mundo do comércio eletrônico ou de Shopping Center na nossa cidade capital. 

Na Banca  Joreli na Rua Tiradentes eu comprei os meus primeiros livros lá no final da década de 1970, hábito esse que  não  parei nunca. 

Lembro do Seu Nereu sempre oferecendo uma novidade ou reservando uma revista de fotografia que eu comprava mensalmente.

É com muito prazer que apresento a  Banca  Joreli para os que não a conhecem e também para os que conheceram matarem um pouco da saudade e  quem sabe  voltar a ver alguma novidade literária ou de alguma revista em especial. 

Vida longa aos pequenos comércios tradicionais. 

Grande abraço à todos. 

Paulo Coelho Florianópolis SC 13/08/2022.


                                                             Revistaria Joeli - Foto Paulo Coelho - 13/08/2022

9 de agosto de 2022

FLORIANÓPOLIS MEMÓRIA URBANA

 RELEMBRANDO UMA CIDADE EM TRANSFORMAÇÃO

FLORIANÓPOLIS  Memória Urbana de Eliane Veras da Veiga, terceira edição da Fundação  Franklin Cascaes 2010.

Neste livro temos uma pesquisa do ambiente urbano de Florianópolis de 1850 a 1930, com ampla descrição dos locais, ruas, praças e monumentos e acompanhado de mapas, fotos e esboços de construções.

Mesmo representando uma era ainda podemos acompanhar o que foi preservado e também sentir saudades do que  não teve a mesma sorte. 

Material que ainda se mantém atual e de grande importância para projetos de preservação da nossa memória urbana tão modificada por atividades imobiliárias que nem sempre tiveram o  cuidado e a preocupação com a sua preservação. 

Tão logo acabe a leitura e de acordo com o meu tempo, publicarei aqui um breve resumo da obra com a minha opinião e entendimento sobre a mesma. 

Grande abraço à todos. 

Paulo Coelho Florianópolis SC 08/08/2022.


                                                                                                  Foto Reprodução: Paulo Coelho 08/08/2022

4 de agosto de 2022

MEMÓRIA DO COMÉRCIO EM FLORIANÓPOLIS

 Espaço de memória de  Loja Dominik no Estreito Florianópolis SC. 

Essa Loja já  funciona a 63 anos desde 1959 e eu acho muito legal mesmo esses espaços de memória do comércio para que as gerações seguintes possam ter ideia de equipamentos utilizados no dia a dia das empresas antes de revolução tecnológica que vivemos hoje.

                                                                 Foto Paulo Coelho 01/08/2022.







 

COMÉRCIOS DURADOUROS EM FLORIANÓPOLIS

 Dois  comércios que representam a longevidade empreendedora de  Florianópolis. 

A Eletrônica Yama e  a Keko Pastelaria. 

Desde muito jovem me encantava em ver o Seu Yama somando as contas em um Ábaco de madeira.

Ao longo dos anos gerações de Florianopolitanos foram convivendo com estas empresas que resistem a modernidade e ainda mantém seus clientes de longas datas.

Paulo Coelho Florianópolis - SC  04/08/2022.



Eletrônica Yama/Keko Pastelaria - Florianópolis - SC Foto: Paulo Coelho

 Juros de 30% com pagamento diário de parcelas.  Anúncio patrocinado no Facebook. 

Agiotagem digital.




Acredito que esse tipo de anúncio deveria ter alguma regulação.

2 de julho de 2022

A MAGIA DOS ALAMBIQUES E SUA CACHAÇA ARTESANAL

 CACHAÇARIA SCHMITZ - SANTA MARIA - ANTONIO CARLOS SC  


Ontem dia 01 de julho de 2022, tive a oportunidade e o grande prazer de fazer uma visita no Alambique da família Schmitz, que vem em atividade desde a década de 1960 e hoje está sendo conduzido pelo neto do fundador Diogo.

Pude ter oportunidade de aprender um pouco dos processos e cuidados para fazer uma cachaça com qualidade, que envolve a compra do melado de cana (já que a propriedade não produz mais a cana), fermentação em enormes Tinas de madeira e depois destilação em alambique aquecido a lenha.

É com muita tristeza que vejo esses saberes e fazeres antigos sendo substituídos por engenhos industriais e equipamentos ultra modernos como aço inox e eletricidade. Gerações inteiras repassaram esses conhecimentos e agora mesmo com um grande índice de divulgação e consumo da cachaça artesanal tendem a desaparecer ou ficar cada vez mais difícil de se encontrar.

O ambiente com o cheiro da cachaça sendo produzida, se torna um encanto e mesmo que não tenhamos vivido isso anteriormente nos remete a um tempo muito distante e dá para imaginar quando isso tudo era feito diretamente nas pequenas propriedades familiares do nosso estado e principalmente na Ilha de Santa Catarina, atual Florianópolis capital do estado de Santa Catarina.

Em meados do século XVIII na atual Florianópolis chegou a ter mais de 200 engenhos que faziam cachaça e alguns também faziam farinha de mandioca tudo movido a força de bois. Com a vinda dos casais Açorianos para Desterro a partir de 1748 essa atividade se intensificou e a cidade por ser o último porto para o Sul do Brasil e também para o Rio da Prata e uma grande quantidade de cachaça e farinha eram produzidos para abastecer os navios que por aqui aportavam.

Atualmente a quantidade de engenhos de cachaça e também de farinha em Florianópolis é muito pequena e não tenho como afirmar agora se chega ou não a pouco mais de uma dezena. A atividade por ser muito trabalhosa não interessou aos jovens que preferiram ir trabalhar em atividades no comércios ou nas inúmeras empresas que aqui existem. 

Quando chega alguma data festiva algumas comunidades apresentam esses saberes e fazeres para a população em geral e isso não quer dizer que não se possa visitar em qualquer época do ano, é que praticamente não tem nenhum tipo de divulgação pelos nossos órgãos públicos que deveriam promover a nossa cultura e tradições de uma forma mais efetiva e não somente em datas específicas.

Eu vim do interior do estada em 1968 e fui criado dentro de uma venda no bairro Prainha em Florianópolis, então por tradição sempre que possível procuro apreciar e divulgar essas atividades de pequenos comércios ou comércios familiares.

Então hoje agradeço ao Diogo da Cachaçaria Schmitz por ter aberto as portas do seu Alambique e ter me passado informações preciosas sobre o processo de fabricação da cachaça e como cliente desse estabelecimento outras visitas ainda farei.

Grande abraço à todos.

Paulo Coelho - Florianópolis - SC - 02/07/2022.