HISTÓRIA NATURAL DA ILHA DE SANTA
CATARINA – O CÓDICE DE ANTONIO JOSÉ DE FREITAS NORONHA
Dia 12 de fevereiro de 2021,
terminei a leitura do meu 4º livro do ano, de Marli Cristina Scomazzon/Jeff
Franco/Daniel de Barcelos Falkenberg
História natural da Ilha de Santa Catarina – O
códice de Antonio José de Freitas Noronha/ Marli Cristina Scomazzon/Jeff
Franco/Daniel de Barcelos Falkenberg. Florianópolis : Insular, 2017. 112p: il.
Este livro tem como abordagem, um
levantamento gráfico sobre a flora existente na Ilha de Santa Catarina, cidade
de Desterro, atual Florianópolis realizado em 1803.
As belezas naturais da Ilha de
Santa Catarina, com sua exuberância, bem como a sua diversidade, já eram
conhecidas desde o século XVI quando por aqui passaram os primeiros navegadores
que circundaram o globo, no período das circunavegações organizadas pelas
grandes potências desse período, que viam por essas rotas grandes
possibilidades de ganho e conquistas. (no texto em questão não vou fazer
relação aos nomes destes navegadores todos)
Quando em 1751 o menino José de
Freitas Noronha, vindo ou fugindo da fome na região da Ilha da Madeira em Portugal, talvez ele
jamais pudesse imaginar que além de se
tornar oficial militar em Desterro, capital de Província de Santa Catariana,
também se tornaria um personagem da História Natural desta Ilha?
Mais de cinquenta anos depois de
ter chegado em Desterro já com a patente de Capitão, José de Freitas de Noronha
recebe do então Governador da Província de Santa Catarina Coronel Joaquim
Xavier Curado uma tarefa ou missão para os militares não muito peculiar as suas
funções, que seria de mapear e descrever ou inventariar a espécies de plantas
naturais da Ilha de Santa Catarina.
No ano de 1803 o projeto de
mapear as espécies de plantas principalmente frutíferas da Ilha de Santa
Catarina se desenvolve e é produzido um material com desenhos e especificações
conhecidas até o momento da produção, de diversas plantas tais como: Araçá,
Angá (Ingá), Banana, Coco Butiá, Indaiá, Tucum, Figos, Fruta do Conde,
Gabiroba, Goiabas, Jaboticaba, Maracujá, Orapronóbis, Pitangas entre outras.
Este trabalho foi realizado em 38
pranchas de desenhos em aquarelas que representavam as espécies por ele
retratadas, claro eu algumas divergências surgiram depois de ser descoberto
esse material de grande valor histórico para a Botânica da Ilha de Santa
Catarina, que hoje conhecemos como Florianópolis.
O principal detalhe desse projeto
é que ele ficou esquecido por mais de duzentos anos ou, seja por mais de dois
séculos ninguém deve a oportunidade de acessar e fazer as suas considerações
sobre a qualidade e divergência de sua produção. Foi um “achado” e tanto
encontrar essas aquarelas totalmente preservadas conforme no livro são
apresentadas.
Muitas das considerações feitas
por José de Freitas Noronha realizadas no início do século XIX e usando o
linguajar do Português de Portugal, bem como o do gentílico local, sobre a
forma, uso e tamanho das plantas, foram comentados por Daniel de Barcelos
Falkenberg, especialista em Botânica.
Mesmo com muitas divergências e
também contradições, depois de classificadas e revistas de acordo com as atuais
classificações de espécies da flora da Ilha e também do Brasil, o trabalho do
autor mesmo que duzentos anos depois é de grande valor histórico não somente no
campo da Biologia e Botânica como também da história da Ilha de Santa Catarina.
Recomendo à todos que possam ter
acesso a esse valioso documento histórico de imagens das plantas que são
lindas, mesmo que produzidas por um amador de forma rudimentar e que por ironia
do destino ficaram esquecidas por mais de duzentos anos e que por um milagre
inexplicavelmente, foram preservadas, com toda a sua exuberância e cores e
detalhes. (inclusive o meu Butiá) que hoje tanto tenho estudado sobre ele e a
mais de duzentos anos já foi motivo de representação nesse importante documento
histórico.
Grande abraços à todos.
Paulo Coelho –
Administrador/Bacharel e Licenciado em História.
Florianópolis – SC 28/02/2021.