14 de fevereiro de 2021

 



A ILHA DE SANTA CATARINA E O CONTINENTE PRÓXIMO.

Dia 30 de janeiro de 2021, terminei a leitura do meu 3º livro do ano, de Olga Cruz

 A Ilha de Santa Catarina e o continente próximo – Um estudo de geomorfologia costeira/Olga Cruz.- Florianópolis

 Ed. da UFSC, 1998  xviii, 276p: il.

Este livro tem como abordagem, a formação geológica da Ilha de Santa Catarina bem como todo o seu eco sistema de praias, mangues, dunas, montanhas, rios, lagoas e também os que aqui habitam ou habitaram em outras eras.

Mesmo sendo um livro de difícil leitura para aqueles que não tem formação em Geografia e outras áreas do conhecimento voltadas à morfologia dos ambientes acima citados e também sendo fruto de um trabalho científico, muitos termos e citações exigem um pouco mais de nossa atenção. (Procurei dar uma ideia do conteúdo sem citar os termos técnicos)

Neste livro podemos ter uma melhor compreensão das características da Ilha de Santa Catarina, atual cidade de Florianópolis e o continente que a rodeia não exatamente a parte continental que também faz parte da cidade com seus Bairros que estão além da parte insular. Neste caso o continente próximo são as montanhas da Serra Geral seus Morros como o do Cambirela, os manguezais da Palhoça, São José e Biguaçu seus rios e suas praias.

Com a leitura do livro pode se verificar por exemplo que mesmo separada pelo mar a nossa Ilha tem uma interdependência com o continente, como por exemplo os morros do Cambirela e do Ribeirão fazem parte da mesma cadeia de montanhas que em eras geológicas estavam tudo ao mesmo nível.

Os mangues do Rio Tavares e Tapera estão na mesma linha que os da Palhoça, os do norte da Ilha estão na mesma linha que os de Biguaçu e Tijucas isso faz com que tudo o que é feito em um lugar afeta a outro pois quebra o equilíbrio que muitos nem tem conhecimento dessa ligação. Ao aterrarmos um mangue no Rio Tavares e na Costeira estamos danificando indiretamente o da Palhoça e visse e versa.

A Ilha de Santa Catarina ou Florianópolis depois da década de 1970 sofre um grande impacto em seus ambientes naturais devido a grande ocupação humana tanto voltada a moradia comércio e serviços bem como o turismo também faz com que vastas áreas de dunas, praias, lagoas e morros sejam modificadas para atender a demanda que se criou.

Grandes áreas de mar foram aterradas para construção de vias públicas e prédios e isso alterou desde o fluxo de chuvas a movimentos de marés, fato esse, são os constantes alagamentos e invasão de marés em áreas residenciais principalmente no sul e norte da  Ilha.

Viajantes estrangeiros ao passar por aqui durante o período das navegações observaram um ambiente completamente diferente do que hoje vivenciamos. A própria vinda dos habitantes que vieram de Portugal, mais especificamente dos Açores também foi um fator de mudanças para a geografia da cidade.

Com uma grande quantidade de gráficos e tabelas, bem como fotografias podemos ter uma visão dos índices pluviométricos médios e também das temperaturas por um grande recorte de tempo e também foram utilizados dados produzidos por fotografias aéreas de períodos distintos para pode fazer a comparação das mudanças.

A destruição das dunas por exemplo tem um grande impacto nos lençóis freáticos o que ocasiona problemas com o abastecimento de água, assim como o desmatamento também altera o fluxo dos rios e a quantidade de água disponíveis nas lagoas para consumo o que obriga a trazer de locais cada vez mais longe.

O tipo de sedimentação das nossas praias é de uma formação bem frágil o que torna muito sensível a qualquer mudança nesse ambiente. Um bom exemplo é a Praia da Armação ao sul da ilha onde muros foram construídos aonde as ondas chegavam e se espalhavam cumprindo o ciclo das marés, o que faz com que a arrebentação da onda passa a ocorrer em local muito mais distante do que viria a ser o da formação natural.

Praticamente todos os anos temos enormes problemas de desmoronamento de casas e muros por conta de marés cheias, e cada vez mais tentam conter com enormes quantidades de pedras e concreto, ato esse que atende a necessidade por muito pouco tempo pois cada vez mais as ondas vão quebrar próximo a essas estruturas.

A formação de nossas encostas também é outro assunto que deve ser levado em consideração, pois com o excesso de urbanização praticamente toda a cobertura vegetal para construção de moradias e vias de acesso, ficamos com solos muito propícios aos deslocamentos de terra e enxurradas devido à ausência de da vegetação natural.

Atualmente são constantes os avisos dos órgãos ambientais e Defesa Civil quando da previsão de fortes chuvas por um período maior e grande concentração pluviométrica, causando grandes preocupações e prevendo deslocamentos rápido caso ocorra algum acidente. Nem sempre se tem conseguido esse tempo como aconteceu agora no mês de janeiro na comunidade do Saco Grande onde uma encosta cedeu levando duas pessoas a óbito.

Concluindo o nosso meio ambiente constituído por muitos morros e os mesmos estão sendo desprovidos de sua vegetação, bem como as margens de rios, o aterro dos manguezais para finalidade econômica e residencial a retirada das dunas para comércio de areia ou construção de vias e moradias tende a chegar em um colapso em muito pouco tempo caso as autoridades não tomem providências quando ao crescimento desordenado que ocorre na cidade.

Ambientes frágeis tem que serem protegidos a qualquer custo para que não se tornem inviáveis o crescimento e o planejamento da cidade, afetando a qualidade de vida que até o momento ainda é o nosso principal produto gerando renda e bem estar, à população que por vários séculos aqui escolheram para morar.

 

Paulo Coelho – Florianópolis – SC  14/02/2021

Grande abraço à todos

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