A ILHA DE SANTA CATARINA E O CONTINENTE PRÓXIMO.
Dia 30 de janeiro de 2021,
terminei a leitura do meu 3º livro do ano, de Olga Cruz
A Ilha de Santa Catarina e o continente
próximo – Um estudo de geomorfologia costeira/Olga Cruz.- Florianópolis
Ed. da UFSC, 1998 xviii, 276p: il.
Este livro tem como abordagem, a
formação geológica da Ilha de Santa Catarina bem como todo o seu eco sistema de
praias, mangues, dunas, montanhas, rios, lagoas e também os que aqui habitam ou
habitaram em outras eras.
Mesmo sendo um livro de difícil
leitura para aqueles que não tem formação em Geografia e outras áreas do
conhecimento voltadas à morfologia dos ambientes acima citados e também sendo
fruto de um trabalho científico, muitos termos e citações exigem um pouco mais
de nossa atenção. (Procurei dar uma ideia do conteúdo sem citar os termos
técnicos)
Neste livro podemos ter uma melhor
compreensão das características da Ilha de Santa Catarina, atual cidade de
Florianópolis e o continente que a rodeia não exatamente a parte continental
que também faz parte da cidade com seus Bairros que estão além da parte
insular. Neste caso o continente próximo são as montanhas da Serra Geral seus
Morros como o do Cambirela, os manguezais da Palhoça, São José e Biguaçu seus
rios e suas praias.
Com a leitura do livro pode se
verificar por exemplo que mesmo separada pelo mar a nossa Ilha tem uma
interdependência com o continente, como por exemplo os morros do Cambirela e do
Ribeirão fazem parte da mesma cadeia de montanhas que em eras geológicas
estavam tudo ao mesmo nível.
Os mangues do Rio Tavares e Tapera
estão na mesma linha que os da Palhoça, os do norte da Ilha estão na mesma
linha que os de Biguaçu e Tijucas isso faz com que tudo o que é feito em um
lugar afeta a outro pois quebra o equilíbrio que muitos nem tem conhecimento
dessa ligação. Ao aterrarmos um mangue no Rio Tavares e na Costeira estamos
danificando indiretamente o da Palhoça e visse e versa.
A Ilha de Santa Catarina ou
Florianópolis depois da década de 1970 sofre um grande impacto em seus
ambientes naturais devido a grande ocupação humana tanto voltada a moradia
comércio e serviços bem como o turismo também faz com que vastas áreas de
dunas, praias, lagoas e morros sejam modificadas para atender a demanda que se
criou.
Grandes áreas de mar foram aterradas
para construção de vias públicas e prédios e isso alterou desde o fluxo de
chuvas a movimentos de marés, fato esse, são os constantes alagamentos e
invasão de marés em áreas residenciais principalmente no sul e norte da Ilha.
Viajantes estrangeiros ao passar por
aqui durante o período das navegações observaram um ambiente completamente
diferente do que hoje vivenciamos. A própria vinda dos habitantes que vieram de
Portugal, mais especificamente dos Açores também foi um fator de mudanças para
a geografia da cidade.
Com uma grande quantidade de gráficos
e tabelas, bem como fotografias podemos ter uma visão dos índices
pluviométricos médios e também das temperaturas por um grande recorte de tempo
e também foram utilizados dados produzidos por fotografias aéreas de períodos
distintos para pode fazer a comparação das mudanças.
A destruição das dunas por exemplo
tem um grande impacto nos lençóis freáticos o que ocasiona problemas com o
abastecimento de água, assim como o desmatamento também altera o fluxo dos rios
e a quantidade de água disponíveis nas lagoas para consumo o que obriga a
trazer de locais cada vez mais longe.
O tipo de sedimentação das nossas
praias é de uma formação bem frágil o que torna muito sensível a qualquer mudança
nesse ambiente. Um bom exemplo é a Praia da Armação ao sul da ilha onde muros
foram construídos aonde as ondas chegavam e se espalhavam cumprindo o ciclo das
marés, o que faz com que a arrebentação da onda passa a ocorrer em local muito
mais distante do que viria a ser o da formação natural.
Praticamente todos os anos temos
enormes problemas de desmoronamento de casas e muros por conta de marés cheias,
e cada vez mais tentam conter com enormes quantidades de pedras e concreto, ato
esse que atende a necessidade por muito pouco tempo pois cada vez mais as ondas
vão quebrar próximo a essas estruturas.
A formação de nossas encostas também
é outro assunto que deve ser levado em consideração, pois com o excesso de
urbanização praticamente toda a cobertura vegetal para construção de moradias e
vias de acesso, ficamos com solos muito propícios aos deslocamentos de terra e
enxurradas devido à ausência de da vegetação natural.
Atualmente são constantes os avisos
dos órgãos ambientais e Defesa Civil quando da previsão de fortes chuvas por um
período maior e grande concentração pluviométrica, causando grandes
preocupações e prevendo deslocamentos rápido caso ocorra algum acidente. Nem
sempre se tem conseguido esse tempo como aconteceu agora no mês de janeiro na
comunidade do Saco Grande onde uma encosta cedeu levando duas pessoas a óbito.
Concluindo o nosso meio ambiente
constituído por muitos morros e os mesmos estão sendo desprovidos de sua
vegetação, bem como as margens de rios, o aterro dos manguezais para finalidade
econômica e residencial a retirada das dunas para comércio de areia ou
construção de vias e moradias tende a chegar em um colapso em muito pouco tempo
caso as autoridades não tomem providências quando ao crescimento desordenado
que ocorre na cidade.
Ambientes frágeis tem que serem
protegidos a qualquer custo para que não se tornem inviáveis o crescimento e o
planejamento da cidade, afetando a qualidade de vida que até o momento ainda é
o nosso principal produto gerando renda e bem estar, à população que por vários
séculos aqui escolheram para morar.
Paulo Coelho – Florianópolis –
SC 14/02/2021
Grande abraço à
todos
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